quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Adelina

Ao começar a ler este texto, pelo título, você pode pensar que eu venho destrinchar sobre minha "musa inspiradora", como José de Alencar fez em "Helena", ou como Tomás Antônio Gonzaga fez em "Marília de Dirceu".
Infelizmente não é isso. Adelina é(foi) uma pessoa próxima que teve seu desfecho dado antes do tempo de forma dolorosa, equivocada e misteriosa. Sobre a forma pela qual essa moça cheia de vida nos deixou hoje, prefiro não comentar pois temo que a "justiça" que tarda e falha me acuse de falsa acusação ,ou coisa do tipo, em relação à sua investigação e perícia mascaradas pelas evidências e contradições ,que são de conhecimento óbvio de todos, deixadas de lado por motivos "de força maior".
Semana passada mesmo, eu ia em direção ao ponto do ônibus fardado para o colégio e, passei de praxe pelo outro lado da rua em frente a sua casa. Como sempre ela ascenou e exclamou com um belo sorriso em sua face:Elilson!
Hoje,esse sorriso irradiante se fechou para sempre.Fui tomado por uma angustia de não querer acreditar no acontecido, e lágrimas quentes escorrem pelas janelas de minha alma que já está cansada de tamanha impunidade e injustiça.
Infelizmente, os familiares vão ter de se conformar com a irreparável perda com o tempo; Tristemente, Alex de 8 anos, o lindo filho que ela deixou, terá que além de não ter o pai que foi morto antes dele nascer, viver sem sua amada mãe;Minha irmã não terá mais sua amiga de infância; eu e todos que puderam conhecer e conviver não veremos mais aquele viver forte...
Engano! Pois a imagem que minha alma guardará não é a de um corpo sem vida num caixão, mas sim aquele sorriso exclamando meu nome pela última vez dias atrás.
Que a verdade prevaleça. Que exista justiça. Que o conforto apareça. Já que a vida tem de continuar. Sem Adelina, mas tem de continuar.

domingo, 28 de outubro de 2007

Ainda Há Brasileiros...

A vida do brilhante ladrão

Sexta-feira, eu saía da motononia viciante da internet e me preparava para dormir. Sem êxito. Minha "querida" Nininha, insônia, não falhou...ainda bem!
Em vez de ler, resolvi ligar a TV, pois sei que fora do horário nobre as "grandes" emissoras às vezes aderem a boa prática de transmitir uma boa programação, como fazem o dia inteiro emissoras menores como a TVE e Cultura.
Pois bem, algo no Talk do Jô me chamou atenção, na verdade foi o substantivo que anunciavam ao próximo entrevistado:Sacolinha!
Sacolinha é um homem de seus 25 anos, de aparência simples que logo se limita a exuberante inteligência de suas palavras. Não me recordo de seu nome verdadeiro, só sei que ele ganhou esse apelido quando foi trabalhar como cobrador de ônibus após passar por várias e distintas profissões. Ele sempre soube de uma coisa: era pobre.
Apesar de ter vivido e crescido num meio sem incentivo algum a cultura, ele desde cedo se interessou por literatura. Queria ler muito, queria livros!
Mas, como iria comprá-los?! Ele não tinha dinheiro, nem queria apenas ler os livros das bibliotecas, queria montar sua coleção, pois então virou um magnífico criminoso: ladrão profissional de livros!
Hoje, o menino negro e pobre cresceu em todos os sentidos, e é coordenador de programas de incentivo cultural em secretarias estaduais. E, além de conhecer os literários e suas obras de A a Z, é também escritor de contos. Sacolinha é seu pseudônimo na hora de escrever.
Ele diz com orgulho:"minha vida só se traçou quando eu comecei a ler";"Quanto aos antigos furtos, se alguém hoje quiser me processar que o faça! A única riqueza que eu tenho é uma instante repleta de livros".
Não leitores, não estou fazendo literatura. Essa linda vida existe! Ainda existem brasileiros assim: diferentes do óbvio, do normal, dos que vivem apenas por novelas, futebol e carnaval e de braços cruzados para a realidade, como já descrevi em "Povo Inerte".
Pois, ainda existem. Poucos, mas sobrevivem!

domingo, 21 de outubro de 2007

Basta!

"Bomba, avião, helicóptero para ocupar território e deixar ao deus-dará. Outras tragédias não soam[...]muito barulho por nada..."
Kid Abelha.

A pouco comentava um texto de um estimado amigo poeta, indagando a "realidade" a qual vivemos, e acabei exclamando que o que há é falta de realidade, pois era pra reinar a felicidade plena...

Pois bem, desde ontem a hoje que eu e vários amigos, inclusive o poeta, fomos avassalados por uma perca familiar fatal de uma pessoa querida e próxima.

Quando algo assim acontece vários questionamentos vêm em nossas mentes, mas agora o que exclamo é um simples Basta!

Quantas Julyanas, Marias, quantos Fernandos, Tarcísios, precisarão ser provas vivas da violência pela perca de familiares?! Quantos J.Hélios precisarão ser arrastados por um veículo até a morte?! Quantos mais?! Até quando não será feito nada, até quando?!

Violência famigerada, cotidiana, costumeira=sociedade desiquilibrada;sistema doente;vidas acabadas e planos destruídos.
Culpa de um;culpa de todos!

É por isso que agora completando a mensagem da música em epígrafe, eu quero gritar manifestando toda minha dor desse viver a você ouvinte, a você no mundo: Façam silêncio! Ouçam a vida cantar!

"o homem é a criatura mais desprezível que há, pois ele causa dor com plena consciência"

BASTA!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Marcas do Sistema

Aquele parecia ser só mais um dia. Faz um mês. Era sábado, como de costume sai no horário de almoço das atividades exercidas pelo grêmio na escola, e fui em direção ao curso de inglês localizado no centro da cidade.
Foi então que tranquilo eu andava, parecia até estar sem tino, fui surpreendido por um "crimonoso" numa tentativa de assalato. Sobre esse fato ocorrido paro por aqui, pois temo que minha reflexão vire uma rotineira notícia jornalística ou mesmo um depoimento policial.
O grande fato é que esse ato de violência abalou meu introspecto, pertubou minha alma e testa minha essência todos os dias.
Isso! Pois agora não posso ver um homem vestido de tal forma ou que aparente tal jeito na rua, que não sinta medo, angustia, aflição. E depois de todo esse mar de sentimentos preconceituosos, eu acabo às vezes tomando um ato inesperado:simplesmente choro.
Outro dia, largava eu da escola e caminhava pela rua, onde um garoto maltrapilho com uma pipoca na mão me olhava sem parar, acredito que chamado atenção pelo fardamento militar. Só que na hora o que fiz foi parar no caminho cheio de medo. Ele por sua vez num único fôlego de indignação exclamou: "-tás com medo de mim, é boy?!" e foi embora balançando a cabeça. Isso acabou com meu dia.
É por isso então que muitas vezes choro internamente, pois o sistema que vivemos me fez ficar ligeiramente preconceituoso. Logo eu, meu Deus, que abomino qualquer forma de preconceito?!
Mas, essas coisas podem ocorrer com qualquer um. Essa doente sociedade não escolhe quem, apenas acontece.
É daí que me indago: até onde sou vítima?! até onde aquele homem era "criminoso"?! Enquanto fico sem respostas, vou levando a vida-ato tipicamente brasileiro.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Insônia

Na calada da noite, não consigo dormir. E é aí, em minha "doce cruel" insônia, que gozo dos meus momentos prediletos: solidão!
É quando estou só, apenas em companhia da florescente luz elétrica; das infernais onomatópeias, produzidas pelos insetos, e do famigerado "tic tac" do relógio de parede do cômodo mais próximo é que consigo escrever, chorar, sorrir, sonhar, ter até premonições... Exceto dormir!
Nesse momento, que já virou um hábito cotidiano, melhor dizendo, um ritual, é que viajo nos erros e acertos do passado, nos quadros pendurados em minha memória, nas dores ainda vivas;é aí que vem a inspiração pro amanhã ou o ócio fatal!
Todos nós temos um "buraco negro" ,onde estão as mais terríveis lembranças, mas que inesperadamente quase sentimos conforto ao mergulharmos mente abaixo. Afinal, a vida é feita de antíteses!
Já pensei em me tratar. Mas, para quê irei me livrar de um momento tão expressivo, puro onde o futuro parece estar a um mínimo passo, onde a liberdade de ser totalmente verdadeiro existe?! Para quê me livrar de um momento só meu, depois de um costumeiro dia útil?!
Então, que minha carne pague as consequências das noites mal dormidas, pois se a causa for esse sublime êxtase na alma, que eu fique acordado para sempre!

sábado, 6 de outubro de 2007

Extra-Extra

Bem-vindo a cúpula central! Aqui a sua e a minha vida são um tanto por decididas.
Aqui os sonhos de alguns se cumprem com facilidade...os nossos são guardados a sete chaves, enterrados e esquecidos.
Neste único lugar habitam pessoas da mais íntima relação com nossas mentes e especialmente com nossos dedos...
Não hesite! Ao centro fica a chefia, aos lados os grandes circos, onde os atores com enorme talento e desvalorizados pelas emissoras novelísticas são palhaços de terno. São esses mesmos "artistas da interpretação" que nos fazem às vezes não sentir orgulho de ser desse país.
Mas, não se alegre muito ao visitar este lugar, pois você pode se infectar com algumas raridades de vírus e bactérias que você e eu aceitamos e mantemos!
Terminando esse anúnicio político, eu te faço uma exclamação final: bem-vindo ao show de horrores, mais conhecido por Brasília!



p.s: caso algum de vocês sintam vontade de conferir o enorme talento desses seres para interpretação, sintonizem em seus televisores o canal 55-tv Senado...