quinta-feira, 31 de julho de 2008

Sobre Castelos Sociais

Aquela tarde radiava um céu nublado e misterioso. Ríamos sem parar!
As taças de vinho nos levavam a sentir uma maioridade livre.
Os bilhetes de amizade trocados em guardanapos.
O alternativo estava ambientado.
Mas, na esquina defronte, uma menina gemia a vida.
Lamentava o tracejar dos ventos.
Em seu castelinho imaginário ela idealizava um círculo cromático: as cores que lhe trouxessem vida, que lhe trouxessem um pouco de luz.
Uma vida que significasse mudança, que viesse a ter um sabor que seu paladar até então desconhecera.
E ali, no relento, ao ver o gozo coletivo no castelinho marrom, suas chagas roxas em sua pele descancarada de vermelho-vida, deixavam evidente a quem entoasse um mínimo olhar que o único desejo daquela nobre vida em sua tela atual, era de ter uma cama.
Uma cama onde pudesse descansar a vida. Onde pudesse aliviar os pesadelos. Onde pudesse relaxar sua fleumática infância. E, enfim, onde viesse a gozar de mínima e inédita dignidade.

5 comentários:

Fernando" M.Neto disse...

a menina dos castelos e da flama-ética, fleumática vida, tomou espaço, fez-se vida no seu texto. Mas que situação nos encontramos no viajar entendível de tuas palavras encontrados apenas a restritos amigos e ao mesmo tempo, tornando universal em palavras ágeis em busca de culpidos, culpidos sim, a fascinar e enamorar-se até de olhos fechados com tamanha descrição, velocidade e costume cultural do teu texto.

Prefiro estar sempre aqui,
Fernando"

Unknown disse...

Adoro quando você me faz refletir... parar e nao negar a realidade, sentir a vida ao nosso redor! Obrigado por isso.

Bárbara Lino ♥ disse...

Castelinho imaginário...
Sabe, a miséria do mundo está cada vez mais aguda e as pessoas acham que isso não lhes é problema, pois se preocupam mais com o próprio bem estar. Acham que porque não sentem nada, ninguém sente.

E as pessoas mais pobres são quem sofrem as conseqüências de todo esse descaso, seja do povo, seja dos políticos, seja deles mesmos...
São elas que têm que imaginar um castelo, são elas que têm que sofrer no frio... são elas que têm que sentir o impacto da exclusão social.

E é pra essa realidade que ninguém dá importância, como se ignorar solucionasse. Como se fingir que está tudo muito bem causasse uma sensação que nada há....
As pessoas deveriam deixar um pouco mais o espelho de lado e olhar a janela, olhar o abismo que há entre esses tantos mundos que existem num único lugar.

Olhemos mais ao redor... Pois quem destrói a nossa raça somos nós, apenas.

Beijos, Elilson!
Adoro seus textos!!
*=)

Unknown disse...

Os castelos estão cada vez maiores!!! É case impossível penetrá-los... Mais o seu está com as portas escancaradas e podemos olhar com teus olhos e brincar com os teus pensamentos... Qual será as nossas camas que desejamos??? Elilson gosto muito de seus textos e espero que continues deixando-nos olhar o mundo com teus olhos... Um abraço!

Cíntia Alves disse...

e novamente Epifania!!!
Ele revela o teu olhar delicado as mais diversas situações...
Continue a escrever.
Fica na Paz.