quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Dias Vazios

Estava a pensar nas palavras que melhor refletissem a trilha pela Serra Negra com toda a sua ambiguidade e suavidade dos olhares platônicos e diálogo curto com aquela paixão de adolescência de cabelos enrolados e sorriso doce.
Mas, os últimos dias, em que apenas os minutos de atuação me fazem sentir vida, venho descrever acerca do elo depressivo que obtenho.
A guriazinha de alma pura, que em nossa infância católica jamais imaginaríamos nos reencontrar em uma certa Garagem das Ilusões após um rock alternativo de janeiro, adentrou em meu terraço exatamente no instante em que meus dedos trêmulos seguravam a chave com o intuito de ir em busca deste ombro amigo condicional.
Iniciamos assim nossa conversa aliviadora em nossos olhares fraternais que falam bem mais que os murmúrios das sextas-feiras habituais. E ela começou a derramar lágrimas expressivamente belas por sua face caucasiana e frágil. Sem ousar em bater minhas pálpebras eu ouvia o relato de seus dias, que a mesma descreveu como vazios, e inesperadamente apreendia através de seus lábios o relato de meus próprios dias. Sim! Eu e ela, Elilson e Carla, estávamos num estado equivalente.
Assim, após nos abraçarmos e dedicarmos uma prosa acerca da política, eu fui buscar consolo numa noite dançante, mas é grande fato que odeio a efemeridade das noites, estas que não deixam brechas a constituirmos se quer uma paixão pelas bocas e mãos que usufruírmos em carência e beijos ardentes.
No dia seguinte, fui acordado pelo toque daquela mão amiga em minha face. Saímos em uma trajetória curta e bastante significativa. Fomos pela primeira vez exercer a nossa voz nas urnas e depois seguimos até a magia inspiradora do Recife Antigo dominical, com os pombos enfeitando o Arsenal, o vento acariciando os prédios e o vinho embalando a pronúncia saudosa das palavras que relembravam os amores inacabados e as experiências amargas e dúbias.
Foi então que ressoaram em meus ouvidos os melódicos aplausos que os Operários que Lêem haviam recebido naquelas performances Brechtianas e senti uma força artística em seguir em frente.
Contudo, olhei ao horizonte entardecido de incertezas e receios, e acabei por concluir que sou como a raposa de O Pequeno Príncipe, logo ainda não fui cativado.

8 comentários:

Bárbara Lino ♥ disse...

É preciso muito mais que um beijo, muito mais que um momento. É preciso buscar seu complemento. E este não se vê com os olhos de nosso corpo biológico... Não se toca... Apenas se sente e enxerga com os recursos da alma. E é isso que faz com que nossos dias sejam completos. É isso que preenche o vazio que as futilidades e o desejo desesperado de suprir a carência nos leva a cometer.

É isso, em busca do nosso outro plano.

Beijoos! *=)

Unknown disse...

Leio aqui tuas palavras e vou lembrando de nossas "conversas de corredor". Percebo o quanto a percepção que tenho de tuas palavras mudou (até já comentamos isso). Bom!
Adoro a forma que escreves. Não há quem não se envolva!
éO tempo vai pessando e com ele tudo vai (ao menos tudo aquilo que podemos tocar). O que fica, está em nós, guardado no lugar mais profundo da alma. Por isso devemos ser cautelosos ao escolher onde ir, o que fazer, com quem fazer, porque isso vai fazer parte de nós, sempre.
Os olhares dizem mais do que desejamos. Ele sempre nos entrega. É muito triste encontrar um olhar vazio, porque sabemos que a busca daquele ser é tão grande que ele deixa seus maiores "feitos" escaparem de seu interior.
Então, olhemos para o lado bom das coisas, quebrando a complexidade em pedacinhos que nos trazem aprendizado.


É isso!
Gostei do texto! Sinto você em suas palavras.
Abração, Elilson!

... disse...

aiai elilson sempre que falas de tua vida encontro alguma semelhança com a minha ... pois é somos iguais em nossas buscas pela certeza na vida , adolescentes mais com mentes de pequenos passarinhos querendo logo apreder a voar ,esperando sermos cativados por algo ou alguem estamos juntos nessa busca tenha certeza que ja fiu cativada por vc sua amizade me inspira a viver ... te adoro viu

... disse...

aiai elilson sempre que falas de tua vida encontro alguma semelhança com a minha ... pois é somos iguais em nossas buscas pela certeza na vida , adolescentes mais com mentes de pequenos passarinhos querendo logo apreder a voar esperando sermos cativados por algo ou alguem estamos juntos nessa busca tenha certeza que ja fiu cativada por vc sua amizade me inspira a viver ... te adoro viu

Lays Vanessa disse...

pior é saber que é na efemeralidade das coisas ´que mora o mais belo dos momentos. ando lendo clarice. e segundo a mestra, um segundo é it. e eu estou aprendendo a senti-lo nesse meu momento de solidão introspecta, como aulas para conviver com esse ser que se instalou aqui. e cada instante é efêmero, mas é it. e it é tudo. você consegue sentir?! eu consigo.

S.Glóss Mountra'l disse...

Nossa,como vc escreve bem.
rs

nossos olhares fraternais que falam bem mais que os murmúrios das sextas-feiras.
super profundo isso.
os olhares falam mais que palavras,demontram aquilo que está oculto,e desenha nossos segredos.
e qdo olhar o a horizonte entardecido de incertezas e receios,
n esqueça,dizem que qdo tdo passa a luz brilha.
enfim,Parabens.

Unknown disse...

nossa a gente realmente se completa.... e o fogo e razao... te amo

Rafaella disse...
Este comentário foi removido pelo autor.