sexta-feira, 2 de maio de 2008

A Mosca.

Tudo parecia imóvel. As árvores, galhos, pessoas, o ar... parecia que uma cápsula invisível e incolor de inércia tomava conta do público lugar.
Até mesmo um jovem sob efeito químico não conseguia adquirir do ambiente o movimento normal.
Eu estava paralisado em meio ao tudo que nada transmitia.
Um calor incomum no início de noite esteve característico.
Enquanto eu observava,de camarote natural, que algo sério ocorria com o jovem, uma mosca completou seu ciclo e caiu em óbito no meu papel.
O calor excedia. E eu, perplexo, observava a minúscula ex-vida abaixo de meu nariz.
A complexidade que aquilo me proporcionou inundou o momento de memórias e interrogações, mas o movimento ainda não caminhava ao exorbitante.
Contudo, o banco começou a passar ao meu corpo certa umidade: uma explosão sensorial. O leve frio adentrou em minhas costas. Ao redor, a brisa começou com sua bucólica ação. A mosca vôou sem vida se perdendo entre os quase infinitos grãos de areia.
Tive uma overdose inexplicável. Mas uma bem diferente daquele jovem que carregado foi pelos encapados amigos.
Foi então que em minha frente passava uma bípede com seu filhote. Aquela pequena nova vida aprendia os caminhos da terra. E eu me lembrei da mosca que conhecera morta minutos antes. O vento bateu em minha mente me levando a compreender que este é um ciclo constante.
Olhei as horas. Havia perdido a noção do tempo. Levantei e andei um pouco no parque.
Enquanto eu sonhava com as letras próprias divulgadas fora dali, tive a certeza de que a mosca me ensinou algo tão singelo e profundo como a doce necessária dor que é o amor.

3 comentários:

Unknown disse...

a vida em outra otica, vista pelo lado do amor real!
como e bom ler teus pequenos contos
- parabens mais uma vez escritor
como sempre a inova;ao e fato.

Cíntia Alves disse...

Como é bom ler o que você escreve!
Desperta a vontade de escrever e aflora a necessidade de percepção de mundo,nos levando,como tu costumas dizer a um "outro nível"!
Continue nesta vertente...
Fica na Paz.

Adriana disse...

Querido amigo... o que tenho a dizer sobre sua palavras... que elas tocam os corações de quem as lê, vc já sabe... que nos leva à reflexões profundas tb...
obrigada por ser quem é!! Bjão, da sua amiga, Adri.