domingo, 13 de junho de 2010

Desprender-se

Distancio-me inesperadamente. Meu olhar atravessa nuvens próximas e invisíveis. A mão que segura o meu queixo deixa transparecer o momento. Não adianta querer entender se nem mesmo posso detalhar com tal propriedade. Apenas mergulho, sem notar, sem nem se quer pestanejar.
-O que houve? Você ficou distante de repente... Você e os demais perguntam inquietados.
-Está tudo bem, nada fora do meu comum.
(É que em minha mente passou a tocar outro ritmo. Em meu sangue passou a fluir um álcool diferente do que estamos bebendo. Outras imagens entraram em foco e quero apenas apreciá-las, descobri-las. Desabafo internamente com algo maior dentro de mim, que não me responde, mas parece me compreender, me possuir. O que está diante de meus olhos fala por si só. É justamente a mesma coisa que você vê se acompanhar a direção da minha vista, mas em mim, ali está a capa de outro universo. Faz parte de mim esse desprendimento, não se preocupe à toa. É que minha alma gosta do desprendimento, da arte de se desprender. Sou uma alma que gosta de se desprender. Soltar-se do momento, da fala, da ação, por minutos. Minutos que reinventam a fala, a ação, o momento. É o vago que ganha força. O que parece pequeno é gigante, basta se desprender, deixar que seu íntimo lhe domine, mesmo que isso absorva um pouco de energia, que lhe coloque uma feição triste, séria. O que é a melancolia se não a contemplação do vago pelos que sentem?!).
- Eu só estava pensando um pouco.

6 comentários:

... disse...

tb amo levar minha alma pra passear :) como sempre belo texto fico até sem graça de smp repetir a mesma coisa rs. amo as formas que tu usa as palavras e deixa teu texto como posso dizer até mesmo musical, evolua smp ;*

.analice disse...

Só desprendendo pra ter tanta poesia.

Natani Lima disse...

Você acabou de dar nome e poesia pra uma das coisas que mais me acontece.

Tay disse...

Isso me acontece muito, Eli. Realmente tem muito a ver comigo.
E as pessoas não entendem, mas é algo tão nosso e tão cheio de significados, e mesmo assim, carente de explicações. Como explicar sensações né?

Anônimo disse...

acho que já perdi alguns ônibus por estar pensando um pouco =S

Bárbara Lino ♥ disse...

Por vezes [muitas], pareço distraída, pensativa, longe, fora do corpo.

É. É a alma que subverteu e tomou rumos próprios, por instantes em que me sinto submergida na água, mas uma água seca...

A sensação é de leveza.

Amei esse texto. Parece comigo. hehehe


*=D