
São milhões de dados. Buscas incontáveis. Homenagens sem limites. Euforia desmedida.
Michael Jackson na esquina. Michael Jackson no meu quarto. Michael na cozinha, no banheiro. Michael está no ônibus, no metrô, nas tantas variedades de telas.
Passarão os anos e esse surto de comoção irá ser acalmado. Mas, não ocorre nada hoje que seja anormal.
Estamos falando do homem que mais vendeu discos na história.
Nunca fui seu fã, seu seguidor, talvez porque cresci em meio à sua contínua decadência. Porém, sempre reconheci o valor que teve na expansão da cultura ocidental. Ele representou muito bem as facetas capitalistas, mas e daí? Quem não é capitalista? Seu talento é algo inegável. É, pois nunca morrerá. Suas obras de arte permanecerão vivas.
Sua morte causou em nosso cotidiano um estado repentino de inércia. Desde que nascemos vários nomes começam a rondar por nossos ouvidos e a se fixar em nossa mente. Sem querer fazer comparações improváveis, no auge de nossa primeira maturação estamos cercados de vozes que ecoam aos cantos: Jesus Cristo, Madre Teresa, Lady Diana, John Lennon, Elvis Presley, Roberto Carlos(em nosso país), Madonna e muitas vezes: Michael Jackson.
É como se uma parte extremamente relevante do mundo, da cultura tivesse desaparecido.
Ele foi a representação clara de uma vida feita por antíteses. Daria uma boa obra barroca. Do glamour mundial a lama na solidão. Dos Grammys aos escândalos nos tribunais.
O rei Jackson sempre viveu entre tons opostos. A sua aquarela foi uma mistureba de plenitude e fracasso, de amargo e púrpura.
Foi um alvo fácil do imperialismo da mídia. Foi uma vítima banalizada pela imprensa, que hoje o aclama a todo instante.
O menino negro, pobre e sonhador, que virou por ironias patológicas e do destino um homem branco, milionário e frágil, profundamente frágil. O fato é que sendo "Black or White", o que se via era um homem querendo fazer arte, expondo de forma exímia os seus dons ao mundo. Um homem que era depressivo, que tinha tudo e ao mesmo tempo nada. O garoto que era humilhado e maltratado pelo pai na infância, guardou por 50 anos essas marcas invisíveis do martírio familiar. Foram esses episódios de infância que o tornaram uma pessoa frustrada, atormentada por sua própria alma e altamente viciado em querer torna-se "belo", sim, ele também foi uma vítima dos padrões de beleza que rondam o mundo Pop Star, visto que se considerava completamente "feio" e sempre foi assim, já que seu próprio pai implantou em sua mente tal pensamento desde que era um menino prodígio conquistando o mundo.
Seu legado é algo que permanecerá por entre a efemeridade do tempo. Nossos netos provavelmente saberão quem foi Michael Jackson.
E que tenha vida longa!