
Ele que engateia por um sorriso. Ele que murmura entre os lençóis implorando pelo sono.
Ele que mais parece um camaleão: sua versatilidade de emoções é tão desatinada quanto seu amadurecimento em tão pouco tempo.
Ele que derrama "lágrimas pretas na face". Ele que suaviza seu martírio com atitudes manicômicas.
Ele que se prostra diante das formigas. No chão desabitado do Arsenal numa oportuna quinta-feira.
E sente o seu peso lutar contra o chão árido do Recife Antigo. Ele que nunca pára de permear sua alma dentre os oito cantos.
Ele que parece uma junção de personagens incoerentes.
Ele, que calado esconde suas marcas terrenas. Como aquela que ninguém viu. Quando sentiu sua epiderme romper com a ponta de um cigarro. Quando recebeu um jorro de saliva no rosto. Quando levou uma leve tapa nas costas.
Ele tem a marca que ninguém viu, que ninguém vê. A queimadura da mão esquerda que atingiu os poros de sua alma. Que o fez sentir-se desprotegido, fraco. Que o fez pensar em atirar-se na geometria dos ventos.
Por conta de atingir a hipocrisia, de ter coragem de manifestar-se em público, mas fora vítima de alguém que poderia ser seu reflexo, que tinha seus mesmos dedos de vida.
Mas, ele teve de chegar em casa e representar. E correr para o seu oráculo deflagrado. E ter de se contentar com um ódio efêmero e sem forças. E ainda assim, se colocar a suplicar por aqueles pobres meninos violentos.
Ele que carregará a dor de ser presa fácil da opressão. Ele que é mais inocente, malicioso e nostálgico que uma música de jazz.
Ele é admirado. Ele é odiado. Ele é ressaltado. Ele é um invisível ovacionado.